Sabem, eu nunca fui uma garota popular. Nunca fui do tipo que mede esforços para que gostem de mim. Sou estranha. Falo "cagar" ao invés de "fazer cocô". Nunca fui do tipo namoradeira, que anda cada semana com um cara diferente, prefiro esperar o cara certo. Também nunca fui do tipo que ama festas. Sempre fui do tipo que tem poucos amigos. Sou esquisita, nerd, olho séries de zumbis ao invés de séries de menininhas. Não gosto de chorar na frente dos outros. Não me importo se me chamarem de feia, mas viro o bicho se me chamarem de burra. Odeio gente falsa. Não gosto de gente que não fale as coisas na minha cara. Detesto gente que mente, assim como detesto gente que finge ser o que não é. Não me importo com o que falam de mim.
Mas houve um tempo em que me importei. Um tempo em que joguei para a torcida, que queria ser popular. Me perguntava todos os dias quando acordava o porquê de não ter nascido rica, o porquê de não ter um namorado loiro dos olhos azuis e o porquê de não ter mil amigos. Me perguntava o que aquelas meninas tinham que eu não tinha.
Eu só tinha uma amiga. Só uma. E ela era tão esquisita quanto eu. Debatíamos todos os dias sobre o assunto. Crescemos, continuamos esquisitas.
Hoje eu vejo que sou muito melhor que aquelas meninas populares. Posso sair por aí com minha calça estampada de loja de departamento sem ter ninguém para me julgar. Ou se julgar, dane-se. Eu não preciso falar pra ninguém o que eu to fazendo. Não preciso me preocupar com gente roubando meu namorado, até porque não tenho um, e se tivesse, tenho certeza que pra me aturar ele teria que ser tão estranho quanto eu. Garotas populares tem tantos amigos quanto eu. Sim, elas tem. Isso porque se algo acontecer com elas, duvido que terão essa mesma quantidade de amigos as apoiando.
Eu não quero mais ser popular. Tenho os amigos que preciso. Sei que, se um dia eu cair, eles vão estar lá para me ajudar. depois de rir, é claro. Não me importo de ficar sozinha, só eu e meu livro. Não me importo de ser estranha.
E eu sou muito feliz assim.
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